O filme “Repórteres de Guerra” (2011), é baseado em fatos reais e conta a história de quatro fotojornalistas que trabalhavam para o jornal The Star fazendo cobertura da Guerra Civil que acontecia na África do Sul após o Aparthaid. A obra coloca em xeque questões como a ética jornalística e os limites chegados para obter o “melhor clique”.
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Sendo assim, o filme se inicia pelo final: Kevin Carter dando uma entrevista sobre o trabalho que executava com seus colegas, grupo que ele chama de “The Bang Bang Club”, nome dado por conta da violência no meio em que trabalhavam, assim como a competição que havia para o melhor clique: “eu era o mais competitivo”. ele diz. Depois é mostrada como foi a formação desse Clube, desde a entrada de Greg, que antes trabalhava como freelancer e foi contratado para o The Star depois de conseguir fotos em uma aldeia que nenhum fotógrafo antes tinha adentrado, conseguindo isso com a justificativa de que mostraria o “outro lado” da história. Ao entrar para o jornal, porém, esse discurso do personagem muda e ele passa a adotar uma imparcialidade. Daí em diante é mostrado tanto a realidade dos jornalistas quanto da população em meio à Guerra. Eles se expõem a inúmeros riscos para conseguir oa foto perfeita mas, além disso, não parecem se preocupar com a situação social; apenas fotografam cenas chocantes: pessoas mortas, pegando fogo, conflitos diretos, entre outras. Fora do trabalho, eles vivem um ambiente descontraído e boêmio, distante das catástrofes que vêm acontecendo na Guerra.
Esse paralelo é a principal reflexão do filme: a relação da imprensa com o conflito e o quão ela transforma aquilo em um espetáculo.
Chega a um ponto que essa relação de passividade dos fotojornalistas fica crítica; principalmente após de receberem o nome de “The Bang Bang Club” que tem um tom pejorativo, insinuando que os fotógrafos apenas aproveitam da situação para fazerem uma foto boa e se autopromover. Em certo momento do filme, Greg leva a companheira Robin para auxiliá-lo em seu ofício e, não acostumada com a carnificina a que o fotógrafo vivenciava diariamente, ela fica horrorizada ao presenciar a frieza dele perante a um pai que chorava desesperadamente pela filha em leito de morte. Quando confrontado pela mulher sobre a situação ele diz: “Não há nada que eu possa fazer por essas pessoas, exceto tirar fotos”. Até que ponto o repórter tem de ser passivo diante das tragédias?
Por fim, o filme também trabalha o ponto da saúde mental dos fotojornalistas, expostos diariamente às tragédias e sem terem condição de mudá-las. Greg envolve-se com drogas em consequência do peso do seu trabalho, termina seu relacionamento com Robin. Além disso, Kevin Carter suicidou-se. O filme em si não aprofundou nesse ponto e invisibiliza os dois outros personagens integrantes do Clube, mas é levemente apontado e, no meu ver, algo importante a ser levado em consideração. Apesar da romantização da história consequente da adaptação para o cinema, Repórteres de Guerra é um bom filme e que mostra algumas realidades extremas da vida dos fotojornalistas.
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