O filme “Sal da Terra” retrata a história de Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos atuais, e expõe seus principais trabalhos, por vez retratando os “backgrounds” ou sendo explicados e narrados pelo próprio fotógrafo. Foi uma obra bem reconhecida pela crítica, sendo indicada ao Oscar de melhor documentário na edição de 2015 do prêmio e vencendo o prêmio francês César como melhor documentário.
Um fator interessante do filme que é importante ressaltar é a co-direção pelo filho do artista, Juliano Salgado, que inicia fazendo um paralelo de gerações e expondo a visão que teve do pai quando criança, a de um aventureiro, e acompanhando seus trabalhos atualmente. Isso contribui para uma aproximação direta entre a fotografia e a vida de Sebastião Salgado e torna a obra cinematográfica ainda mais emocionante. Apesar disso, não deixamos de ver a perspectiva do outro diretor, o premiado alemão Wim Wenders (diretor do aclamado “Paris, Texas”), como, principalmente, admirador do trabalho do fotógrafo. A narração é feita a partir, principalmente, de memórias de Salgado, que contribui ainda mais para o entendimento entre obra e vida.
O tom do filme, em si, tem uma conotação bastante artística, combinando totalmente com o assunto, são sobrepostas fotos pela narração e imagens do próprio fotógrafo. Predominantemente em preto e branco, assim como as obras do artista, essa sobreposição das fotos sobre a narração faz o público ter uma aproximação com a obra, apesar de não serem narrados muitos detalhes técnicos, e sim do momento e contexto sobre qual a foto foi tirada.
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Sebastião Salgado nasceu em Minas Gerais, mas, com o regime militar no Brasil e as ameaças por conta de sua militância, se mudou com sua mulher, Leila, para a França, onde terminou sua graduação em Ciências Econômicas e onde sua mulher cursou arquitetura. Depois se mudou para Londres e começou a trabalhar para a Organização Internacional do Café, a qual o proporciona várias viagens a trabalho, principalmente ao Continente Africano, onde fez suas primeiras fotos com seu estilo propriamente dito. Ao se falar das primeiras fotos, talvez uma das partes mais importantes mostrada no filme é quando sua esposa compra a primeira máquina fotográfica e quem se delicia com o equipamento é o próprio Sebastião, despertando assim, uma paixão até então desconhecida e que o fez tomar um rumo inusitado; ele resolve deixar sua carreira como economista, investir em caros equipamentos fotográficos e começar a carreira como fotógrafo. Chegou a trabalhar como fotógrafo de esportes e retratista, mas se encontrou na fotografia social.
O que os pintores realistas como Gustave Flaubert e Almeida Junior fizeram na arte clássica, Sebastião Salgado fez semelhante na fotografia. Suas principais imagens retratam - ao mesmo tempo em que algumas possuem tom de denúncia- o mundo como ele é, com todas suas peculiaridades, irregularidades, mas também, sua beleza. O filme faz questão de afirmar como suas viagens pelo mundo foram importantes no trabalho do fotógrafo, desde a sua saída do Brasil até suas peregrinações, e as dificuldades no meio destas, para exclusivamente produzir imagens.
Uma das partes, e talvez de todos os trabalhos do artista, mais marcantes é quando é narrado o trabalho de Sebastião na Guerra Civil em Ruanda, que ultrapassa os limites do artista acostumado a retratar misérias. Esse momento representa uma virada, não só no filme, mas também na vida do fotógrafo, acabando com todas as comuns. As fotos feitas dessa tragédia são tão marcantes quanto à adaptação cinematográfica da tragédia, “Hotel Ruanda”, pois, ainda que não haja propriamente uma narração direta através das imagens, as misérias e o genocídio retratados são demasiadamente fortes e não tem como não sentir desconforto com essas fotografias. Depois desses episódios, Salgado dedica-se à outro tipo de fotografia, apreciando mais as fotos de paisagem e belezas naturais, como é retratado em seu trabalho “Genesis” que é citado durante o filme. Seguem algumas fotos dessa compilação:
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